No início da temporada 2014-2015, o Porto fez uma aposta interessantíssima para o comando de sua equipe. Após temporadas com Vítor Pereira (que chegou a ser bicampeão português) e Paulo Fonseca, criticados em boa parte de suas gestões, o clube do litoral noroeste lusitano apostou no, para muitos, desconhecido Julen Lopetegui, que, apesar da pouca experiência profissional, tem reconhecido trabalho com garotos. Não obstante, o time decepcionou na última temporada, e o comandante foi criticado.
A contestável “espanholização” portista

Destes, o único que de fato
onerou os cofres azuis e brancos foi Adrián, possivelmente o jogador de quem
mais se esperava, em função de seu bom desempenho no Atlético de Madrid, onde
era uma espécie de 12º jogador. Além disso, da Espanha também vieram o argelino
Yacine Brahimi e o brasileiro Casemiro.
O fato é que a maior parte desses
jogadores não desempenhou papel importante na temporada portista. Adrián não
foi sombra do jogador do Atleti,
marcando um mísero gol em 18 jogos e sofrendo muitas lesões; Marcano foi um
defensor sólido, mas sem grandes diferenciais e grande parte do tempo reserva;
Tello foi bem. Ainda que não seja um craque, mostrou velocidade, marcou gols e
assistiu seus companheiros; Fernández foi eterno goleiro reserva, atuando em
apenas quatro jogos; José Ángel pouco atuou e foi preterido por zagueiros na
ausência do lateral-esquerdo titular, Alex Sandro; Óliver Torres é outro que,
como Tello, foi bem; Campaña representou mais o time B do Porto do que o
principal.

O curioso é que Brahimi e Casemiro
(que retornou ao Real Madrid; foto), que também vieram da Espanha, foram,
indubitavelmente, as melhores contratações do time na temporada, sendo, junto
com Jackson Martínez e Danilo os melhores jogadores da temporada passada.
Conclui-se que parte representativa dos
integrantes do projeto piloto não está mais no clube e não correspondeu às
expectativas. O clube, corretamente – uma vez que o treinador teve que promover
uma reconstrução radical do elenco –, segue apostando em Lopetegui, mas os
resultados terão que aparecer para justificar a liberdade que o comandante vem
tendo na condução de seu projeto.
A falta de resultados

Sem resultados – leia-se títulos –
Lopetegui não conseguirá sustentar sua posição no Porto, por mais paciência e
crença em seu trabalho que Jorge Nuno Pinto da Costa, presidente do clube,
possa ter em seu trabalho.
Para mais, resultados como a
acachapante goleada sofrida contra o Bayern de Munique na UEFA Champions League,
a eliminação da Taça de Portugal perante o rival Sporting e a falta de vitórias
nos clássicos contra os Encarnados são
outros elementos que aumentam a pressão da panela em que o treinador está nesse
instante.
Polêmicas dentro e fora das quatro linhas
Durante o último ano, além de
promover uma remodelagem drástica na equipe, que perdera algumas de suas peças
mais importantes – o volante Fernando e os zagueiros Eliaquim Mangala e Nicolás
Otamendi são bons exemplos – implementando sua ideia, Lopetegui teve que lidar
com polêmicas no campo e nos bastidores.

“O Ricardo Quaresma é um dos jogadores de quem sinto mais orgulho esta época pela evolução que teve (...) É um jogador mais completo e melhor, e isso é mérito dele”, Lopetegui chegou a dizer, diminuindo o clima de animosidade com Quaresma.
Além disso, fora das quatro
linhas, nos bastidores, Lopetegui teve contratempos com Jorge Jesus e Marco Silva, então comandantes benfiquista e sportinguista, respectivamente, e sempre
se mostrou muito queixoso em relação às arbitragens, algo que aumentou,
substancialmente, as críticas que sofreu durante a temporada.
No decorrer do último ano, restou claro
que o trabalho do espanhol esteve longe de uma sonhada e bem-vinda calmaria.
Boas contratações e mais espanhóis para 2015-2016, mas até quando?

Para mais, Lopetegui aposta
novamente em seus compatriotas. O primeiro contratado foi o atacante Alberto
Bueno, cria do Real Madrid que na última temporada marcou 17 gols em 36 jogos
no Campeonato Espanhol, pelo Rayo Vallecano, chegando a anotar um poker contra o Levante. O jogador
mostrou bom futebol, mas, aos 27 anos, é uma aposta. O segundo, e mais
importante, contratado é o ídolo da nação hispânica, Iker Casillas (foto).

O ponto crucial da análise é o
fato de o Porto estar se empenhando muito para dar continuidade ao projeto de
Lopetegui, que precisará, necessariamente, conquistar títulos em 2015-2016. Há
pressão por resultados, há críticas e não há tranquilidade para o trabalho, Em um clube com as pretensões do Porto, a hora de esperar acabou e os êxitos
precisam vir.
Por isso, a aludida “espanholização”
por que passa o Porto é um negócio com condição, que, se descumprida, será
desfeito. Se não conseguir resultados, o inexperiente treinador dificilmente
conseguirá permanecer na bonita cidade lusa. Para todos os efeitos, ficamos
por aqui com uma frase de Julen Lopetegui, proferida em abril deste ano, em
entrevista ao periódico espanhol Marca:
"Todos os processos têm o seu tempo de maturação. Quando acreditas no que fazes, sabes que há outras opiniões, mas tratas de seguir o teu caminho e fixas-te nas tuas convicções. Claro que as críticas estão inerentes a esta profissão, ainda para mais num grande clube como o FC Porto. Há que lidar com elas com naturalidade, e nalguns casos até são uma fonte de energia. Há algumas em que nem reparas e outras que te fazem refletir e ajustar coisas, ainda que essas sejam em menor número".
Ótimo texto, mas não há como não discordar do comentário sobre o Marcano. O Porto foi a defesa menos vazada da Europa época passada, e o Marcano que até começou na reserva, acabou a temporada como o melhor zagueiro portista de longe. Sendo extremamente seguro e competente na saída de bola.
ResponderExcluir