Lá se vão mais de 10 anos desde
que o Chelsea passou a ser comandado pelo magnata russo Roman Abramovich. Nesse
tempo, muitas contratações trouxeram importante impacto e deram contributo de
imensurável valia nas conquistas que se somaram. Uma delas, que muitas vezes
não recebe a devida lembrança mas foi vital, foi a do volante francês Claude
Makélélé, a “bateria do time” – como veio a ser chamado por Claudio Ranieri,
seu primeiro técnico em Londres. Hoje, sob a tutela de outro italiano, Antonio
Conte, o Chelsea aposta muitas fichas em sua nova bateria: N’Golo Kanté.
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Renova-se agora a boa relação do
clube londrino com italianos, algo que passa pelas figuras de Ranieri, Carlo Ancelotti, Roberto Di Matteo e, mormente, de Gianfranco Zola. Todavia, críticas foram
feitas à escolha de Conte, sobretudo tendo por base a proposta de jogo que o
consagrou na Juventus. Trocar Mou
pelo italiano representou para muitos uma troca inócua. A despeito disso, o
desempenho da Itália na Euro 2016, justamente comandada por Conte, calou parte
da crítica e a contratação de Kanté vem na mesma direção.

Um dos protagonistas do imenso
feito do Leicester City, o meio-campo viu sua carreira subir vários patamares.
Admirado pelo mundo e novo membro da Seleção da França, Kanté se viu iluminado
pelos holofotes da bola. Não é para menos: seus feitos foram
incríveis. Como poucas vezes o futebol pode acompanhar, “carregou o piano” da surpresa
e nunca o deixou cair. Muito do que faltou ao Chelsea no último ano sobrou aos Foxes justamente em função da presença
de Kanté.
Inesgotável, o francês do
Leicester de Ranieri foi a bateria equivalente à que o mesmo italiano comandou
há treze anos no Chelsea e que faltou ao time atual. É arriscado fazer
comparações, mas neste caso elas são inevitáveis: Kanté chega para ser no
presente o que Makélélé foi no passado, a formiguinha que, como na fábula em que
contracena com a cigarra, trabalha duro para que sempre se encontre em boas
condições, a todo tempo preparada para as adversidades. Os espaços que os Blues concederam na temporada passada
foram justamente aqueles que Kanté tapou pelo lado dos Foxes. Sua contratação é um acerto.
Nunca é possível prever o impacto
de uma contratação, mas a chegada do volante mostra os caminhos que Conte
pretende para o clube, reconstruindo sua fundação, primeiramente. Kanté já
conhece a Premier League e representa a procura inicial pelo alcance da
estabilidade defensiva do time, algo que marcou os trabalhos do italiano na Juve e com a Squadra Azzurra. Na mesma proporção de sua ascensão em 2014-2015 o
Chelsea caiu em 2015-2016. No entanto, boa parte das peças necessárias à reconstrução
do time já estão lá. Kanté chega para ser a figura incumbida de reagrupá-las.
No Leicester, o jogador mostrou
uma capacidade impressionante para estar sempre por perto das ações do jogo.
Além de um marcador primoroso com uma capacidade de desarme soberba, o volante
se mostrou uma engrenagem capaz de fazer o restante se mover com precisão, tudo porque conseguiu estar por perto de seus companheiros e se oferecer como
alternativa a todo momento. Sua capacidade para estabilizar o time impressionou
e foi mais um de seus diferenciais.
“A oportunidade de trabalhar com Antonio Conte, um treinador brilhante, e alguns dos melhores jogadores do mundo era simplesmente boa demais para recusar. Minha primeira temporada no futebol inglês foi muito especial e agora espero seguir e alcançar ainda mais em meu tempo como jogador do Chelsea”, disse o jogador ao site oficial do clube.
Como Makélélé fez outrora, Kanté promete garantir segurança a seus companheiros, seja como marcador ou enquanto peça capaz de coordenar a estrutura do coletivo. Não há ninguém no elenco azul com tais características e esta é a razão que nos permite aferir que a chegada do francês é a grande prova de que podemos esperar um novo Chelsea, provavelmente mais aguerrido e organizado com relação ao da última temporada, em que somente a estrela de Willian brilhou verdadeiramente.
Kanté é uma aposta em prol da
melhora de marcação do time, mas, sobretudo, uma tentativa de recuperação do
restante de um elenco de qualidade, mas sem confiança.
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