Boca Juniors x River Plate: o Superclássico do futebol argentino

Continuando a série sobre os grandes clássicos do mundo, trago hoje o dérbi de maior apelo popular da Argentina, Boca x River.




Na Argentina, a maioria dos clássicos ganhou a proporção que têm hoje por conta de rivalidades de bairro ou região. Racing Club x Independiente e Huracán x San Lorenzo são bons exemplos disso. Seguindo a mesma lógica, Boca e River não fogem a essa regra. A despeito disso, o River Plate (fundado em 1901) não é do bairro de Belgrano e o Boca Juniors (nascido em 1905) de La Boca? Hoje, sim, todavia, as origens de ambos estão ligadas ao histórico e folclórico bairro de La Boca.

Imagem comum em La Boca
Não obstante, em 1920, o River se mudou para o bairro de Belgrano, fato que só aumentou a rivalidade já iniciada em La Boca, uma vez que, mais do que uma simplória mudança de localização, os Millonários deixaram o proletariado do popular bairro de La Boca pela elite do rico Belgrano. 

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Diante disso, como em vários outros clássicos, se desenvolveu uma rivalidade entre "ricos x pobres" ou "elite x povo". Apesar dessa caracterização, atualmente, não é possível fazer essa distinção, uma vez que ambos os clubes possuem torcedores de todas as classes sociais. Juntos, Boca e River somam 73% da preferência dos torcedores argentinos, sendo 40% da população torcedora do Boca e 33% do River segundo pesquisa da Secretaria de Meios de Comunicação da Argentina.
Francescoli é um dos expoentes do River
O primeiro jogo entre os rivais aconteceu em 2 de agosto de 1908 e teve vitória dos Xeneizes do Boca, por 2x1. Desde então, aconteceram mais 341 jogos. E a vantagem é, mais uma vez, do time que permaneceu em La Boca. Ao todo, o time venceu 126 vezes, contra 109 dos Milionários. Aconteceram, ainda, 107 empates. Equilíbrio à parte, o Boca Juniors detém também a maior goleada do clássico, um gritante 6x0, em 1928. Do outro lado da rivalidade, a maior goleada aplicada pelo River Plate ocorreu em 1941, em vitória por 5x1.

O maior artilheiro do confronto é o ex-jogador do River Plate Ángel Labruna, que marcou 22 gols e o jogador que mais entrou em campo foi Reinaldo Merlo, também do River Plate 42 vezes.


No que tange aos títulos temos mais equilíbrio. O Boca venceu o Campeonato Argentino 24 vezes, a Copa Libertadores seis e o Intercontinental três. Já o River Plate, por sua vez, sagrou-se campeão Argentino em 33 turnos, da Libertadores duas vezes e do Intercontinental uma.

Muito conhecido por mobilizar a grande massa da população buenairense, o Superclássico é também notado por atos de violência nas ruas e estádios. 

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Um caso de grande repercussão aconteceu em 1968, ocasião em que 71 jovens torcedores, com média de idade de 19 anos, foram prensados contra o Portão 12 do Estádio Monumental de Nuñez. Este acontecimento é tido, até hoje, como a maior tragédia ocorrida dentro de um estádio da histórica do futebol argentino.

Não restam dúvidas do quão quente é a maior rivalidade portenha, motivo pelo qual poucos jogadores ousaram atuar por ambos os clubes. Dentre o seleto rol de "malucos" estão o ex-goleiro da seleção argentina Hugo Gatti, o ex-zagueiro Oscar Ruggeri e os atacantes Cláudio Caniggia e Gabriel Batistuta.
Alguns importantes brasileiros também transitaram pela rivalidade buenairense. A destacar, os zagueiros Domingos da Guia (foto) e Orlando Peçanha, o meia Dino Sani e os atacante Heleno de Freitas, Paulinho Valentim e Iarley jogaram pelo Boca Juniors. Além deles, brasileiros menos notáveis também passaram por lá. Também no Boca, as laterais já foram ocupadas pelo lateral esquerdo Jorginho Paulista, pelo direito Baiano e a zaga já recebeu o zagueiro Luiz Alberto. Pelo lado do River, passaram os atacantes Delém, ex-Vasco, na década de 60, e Júlio César, que também teve passagem pelo cruz-maltino, mas foi revelado pelo rival Flamengo, no início da década de 90.
Hoje, no torneio Clausura o River está bem colocado, ao contrário do rival. Apesar disso, o Boca está na disputa da Copa Libertadores ao contrário de seu inimigo.

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