Após lembrar um pouco da história
do Hamburgo do início da década de 80, período em que o clube foi treinado pelo vitorioso Ernst Happel e tinha em Felix Magath sua grande estrela, trago um pouco da memória do excelente Independiente dos anos 70,
tetracampeão, consecutivo, da Copa Libertadores da América.
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Em pé: Comisso, Sá, Raimondo, López, Pavoni, Gay; Agachados: Balbuena, Semenewicz, Bochini, Galván, Bertoni. |
Período: 1972-1975
Time Base: Santoro; Comisso, López, Sá, Pavoni; Raimondo, Galván
(Semenewicz), Bochini; Balbuena, Maglioni, Bertoni. Técs.: Pedro Dellacha (1972
e 1975), Humberto Maschio (1973), Roberto Ferreiro (1974)
Conquistas: Tetracampeonato da Copa Libertadores da América e Intercontinental (1973)

Embora hoje o Independiente tenha
perdido muita força, tanto no cenário argentino quanto no internacional, o clube
segue sendo o que mais conquistou troféus da Copa Libertadores da América, com
sete, quatro deles conquistados no início da década de 70. Na ocasião, o Independiente montou uma equipe extremamente sólida e, mesmo tendo sido
treinado por três diferentes comandantes, brilhou.
Derrotando um time peruano, dois
chilenos e um brasileiro nas finais da competição continental, entre 1972 e
1975, o Rey de Copas – como ficou
conhecido – reinou soberano em solo sul-americano e ainda bateu uma grande
equipe da Juventus, no Intercontinental de 1973. A realidade só poderia ter
sido melhor se o time tivesse vencido Ajax e Atlético de Madrid, nas
competições intercontinentais de 1972 e 1974 (em 1975, tanto Bayern de Munique
quanto Leeds United, campeão e vice da UEFA Champions League, recusaram-se a
disputar a competição).

Defendendo a meta dos Diablos Rojos nos primeiros dois títulos
continentais da década de 70, Miguel Ángel Santoro (foto), também conhecido como Pepé Santoro, era uma sumidade, um ídolo
indiscutível do clube. Remanescente dos dois primeiros títulos de Libertadores
do clube, em 1964 e 1965, o jogador era um dos mais experientes atletas do
elenco e fez 343 jogos pelo clube, alguns deles realmente marcantes, como a
final da Libertadores de 64, contra o Nacional.
Passado o fim de sua carreira,
seguiu sendo figura importante no clube, tendo sido treinador, coordenador de
futebol profissional e treinador de goleiros. Com sua saída do clube em 1974,
quando partiu para a Espanha, onde defendeu o Hércules, Carlos Gay e José
Pérez, conhecido como o Rey del Penal,
em razão de sua qualidade na defesa de pênaltis, sucederam-no no gol do clube.

Salvaguardando o miolo defensivo do clube de Avellaneda, uma dupla formada por dois grandes zagueiros era outro ponto destacável da equipe. De um lado estava Francisco Pancho Sá, um dos jogadores mais vitoriosos da história do futebol argentino. Maior vencedor da história da Libertadores, com títulos com Independiente e Boca Juniors, era um jogador muito sério e aguerrido. Além de ter obtido sucesso em clubes, Sá disputou a Copa do Mundo de 1974 com a Seleção Argentina. Do outro lado, Miguel Ángel Zurdo López, jogador experiente, era mais um forte pilar da equipe, já tendo tido passagens por Estudiantes e River Plate, antes de chegar ao Rojo.
No meio-campo, havia a presença
constante de duas figuras: Alejandro Polaco
Semenewicz e Miguel Ángel Raimondo (foto). O primeiro, argentino de origem
polonesa, era o jogador que detinha mais responsabilidades defensivas. Ótimo
marcador e dono de fôlego inesgotável, o jogador podia atuar na defesa e era
fundamental ao balanço defensivo da equipe, sempre mostrando muita raça. Por sua vez, Raimondo tinha grande
qualidade nos passes, sendo o principal responsável pela armação das jogadas
dos Diablos, um verdadeiro pensador: o maestro.
Em 1974, ganhou o prêmio de melhor jogador argentino do ano.
Além deles, no início da
fantástica trajetória do clube, havia a presença do grande José Pastoriza, meio-campista
excepcional e líder exemplar de personalidade forte, que atuava em uma função
mais ofensiva que as de Raimondo ou Semenewicz. Contudo, em 1972, o jogador partiu
para o Monaco, onde permaneceu até o fim de sua carreira. Quem ganhou espaço
com sua saída foi o bom Rúben Galván, jogador de qualidades semelhantes, mas
menos brilhante.

Mais avançados, Agustín Balbuena,
Eduardo Maglioni e Daniel Bertoni formavam um trio infernal, cada um com sua
característica. O primeiro representava a força, o segundo era o principal
goleador, a maior referência, e o último o maior talento, jogador de extrema habilidade
e imprevisibilidade.

No período, o Independiente teve
também três diferentes técnicos. Pedro Dellacha, curiosamente um ídolo do
Racing, grande rival dos Diablos Rojos,
foi o primeiro e o último, liderando o clube nos títulos de 72 e 75; Humberto
Maschio, outra referência do Racing, comandou em 1973; e Roberto Ferreiro, este
ex-jogador do próprio Independiente, levou o time ao título de 1974.
Ficha técnica de alguns jogos importantes nesse período:
Final da Copa Libertadores da América de 1972: Independiente 2x1
Universitário
Estádio Doble Visera De Cemente,
Avellaneda
Público 55.000
Gols: ‘6 e ’62 Maglioni (Independiente); ’79 Percy Rojas
(Universitário)
Independiente: Santoro; Comisso, Garisto, Sá, Pavoni; Raimondo,
Semenewicz, Pastoriza; Balbuena, Maglioni (Magán), Saggiorato (Mircoli). Téc.:
Pedro Dellacha
Universitário: Ballesteros; Soria, Cuellar, Chumpitaz, Luna;
Techera (Alva), Cruzado, Castañeda; Munante, Percy Rojas, Ramírez (Bailetti).
Téc.: Marcos Calderón
Final da Copa Libertadores da América de 1973: Independiente 2x1
Colo-Colo
Estádio Centenário, Montevidéu
Árbitro: José Romei
Público 35.000
Gols: ’25 Mendoza e ‘106 Giachello (Independiente); ’39 Carlos
Caszely (Colo-Colo)
Independiente: Santoro; Comisso, López, Sá, Pavoni; Raimondo,
Semenewicz, Galván; Mendoza (Giachello), Maglioni (Bochini), Bertoni. Téc.:
Humberto Maschio
Colo-Colo: Nef; Galindo,
Herrera, González e Silva (Castañeda); Valdés, Páez, Messen; Caszely, Ahumada,
Véliz (Lara). Téc.: Luis Álamos Luque
Final do Intercontinental de 1973: Independiente 1x0 Juventus
Estádio Olímpico, Roma
Público 22.489
Gol: ’80 Bochini (Independiente)
Independiente: Santoro; Comisso, López, Sá, Pavoni; Raimondo, Galván,
Bochini; Balbuena, Maglioni, Bertoni (Semenewicz). Téc.: Roberto Ferreiro
Juventus: Zoff; Gentile, Spinosi (Longobucco), Morini, Marchetti;
Salvatore, Cuccureddu; Causio, Anastasio, Mazzola, Bettega (Viola). Téc.:
Cestmir Vycpálek
Final da Copa Libertadores da América de 1974: Independiente 1x0 São
Paulo
Estádio Nacional, Santiago
Público 45.000
Gol: ’27 Pavoni (Independiente)
Independiente: Gay; Comisso, López, Sá, Pavoni; Raimondo,
Semenewicz, Galván; Bochini, Balbuena (Carrica), Bertoni (Giribet). Téc.:
Roberto Ferreiro
São Paulo: Valdir Peres;
Forlán, Paranhos, Arlindo, Gilberto (Nelsinho); Chicão, Zé Carlos (Silva), Pedro
Rocha; Mauro, Mirandinha e Piau. Téc.: José Poy
Final da Copa Libertadores da América de 1975: Independiente 2x0 Unión
Española
Estádio Defensores del Chaco,
Assunção
Árbitro: Edison Pérez Núñez
Público 55.000
Gols: ’29 Moreno e ’62 Bertoni (Independiente)
Independiente: Pérez; Comisso, López, Sá,
Pavoni; Semenewicz, Galván, Bochini; Balbuena, Moreno, Bertoni (Saggiorato).
Téc.: Pedro Dellacha
Unión Española: Vallejos; Machuca, Maldonado, Gaete, Arias; Palacios,
Inostroza (Las Heras), Véliz; Spedaletti, Trujillo, Ahumada. Téc.: José
Santibañez
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